domingo, 10 de novembro de 2013

Descobri que sabia escrever quando tinha oito anos.  Contradições da vida. Meu pai havia falecido e minha mãe, em dificuldades financeiras, não podia mais pagar o colégio particular onde eu estudava.  Fui para uma escola pública, quase na esquina da minha casa. Minha mãe aos prantos, eu em euforia. Detestava o colégio das madres que me tratavam com frieza e tinham suas preferidas, entre as crianças da turma.
Na Escola Joaquim Nabuco fiz minha primeira redação. Era um tema livre. Eu não lembro, de fato, sobre o que escrevi, mas recordo de alguma figura ou passagem sobre um passarinho.
A redação fez sucesso e correu o corpo docente.
Ali, vi que sabia fazer uma coisa para mim única.  Aos onze anos, já quase entrando na adolescência, escrevia poemas trancada no banheiro ou olhando para o céu pela janela da sala, enquanto todos dormiam. Gostava daquela solidão da noite, como ainda gosto agora.
As dificuldades da vida, entretanto, fizeram esse ofício por muitos anos, ser delegado à categoria de hobby e só agora, na maturidade, se aproxima a chance de publicar meu primeiro romance.
Criei esse espaço para falar das angústias e alegrias desse ofício. Coisas que frequentemente tenho necessidade de desabafar, mas não encontro interlocutor.  Pode ser que também aqui não haja nenhum, já que não me sinto à vontade para convidar ninguém a participar, porém o mero exercício de falar, já me faz sentir de certa forma acompanhada.
A quem ler, bem vindo a bordo.